
À medida que o movimento amadurecia, surgia um novo desafio: manter os jovens adultos vinculados ao Escotismo após atingirem a maioridade. Em novembro de 1913, Baden-Powell propôs a criação de uma "Sociedade Amiga dos Escoteiros" para manter o vínculo e a influência educativa entre os ex-escoteiros, mas a eclosão da Primeira Guerra Mundial adiou seu pleno desenvolvimento. A questão foi retomada em 1917, com a publicação do esquema para "Escoteiros Maiores", voltado para jovens de 15 anos em diante, visando ajudá-los na preparação para a vida adulta e profissional. Contudo, este projeto teve pouco sucesso e logo foi substituído pela criação formal do Ramo Rover, em 1918.
O Ramo Rover, ou Pioneiro, destinado a jovens de 18 anos em diante, foi estruturado para dar continuidade à formação escoteira durante uma fase crítica da vida. Seu principal objetivo era orientar o jovem a buscar três tipos de serviço: a si mesmo, ao Movimento Escoteiro e à comunidade. Baden-Powell via no Roverismo a culminação da educação escoteira, oferecendo atividades de serviço, acampamentos, desenvolvimento profissional e civismo.
Para sistematizar este novo ramo, em 1922 foi lançado o manual Rovering to Success, um guia de conselhos práticos para os desafios da juventude, concebido para ser acessível tanto para escoteiros quanto para jovens em geral.
O Roverismo foi definido por seis princípios fundamentais: preservar o espírito do Escotismo, integrar serviço à vida cotidiana e profissional, manter a formação de caráter como prioridade, garantir flexibilidade e amplitude nas normas, adaptar o método para realidades culturais diversas, e promover uma vida de alegria, energia e serviço altruísta.
A última participação pública de Baden-Powell ocorreu em 1937, no Quinto Jamboree Mundial na Holanda. No ano seguinte, mudou-se para o Quênia, onde viveu até seu falecimento em 8 de janeiro de 1941.
Desde então, o Escotismo expandiu-se vigorosamente, alcançando 216 países e territórios e reunindo mais de 40 milhões de membros. Hoje, a World Federation of Independent Christian Scouts (WFICS) mantém vivo o espírito do Escotismo tradicional, cristão e independente, comprometido com a formação de novas gerações pautadas pela fé, pelo caráter e pelo serviço ao próximo, como Baden-Powell sonhou desde os primeiros passos do movimento.

O Escotismo é um movimento mundial, educacional, voluntário, apartidário e sem fins lucrativos, fundado em 1907, na Inglaterra, por Lord Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, com o objetivo de promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens. Baseado em um sistema de valores que prioriza a honra, a responsabilidade, o trabalho em equipe e a vida ao ar livre, o Escotismo busca formar cidadãos conscientes, altruístas e comprometidos com a construção de um mundo melhor.
O método escoteiro propõe a educação do caráter através da prática, utilizando atividades desafiadoras e progressivas que desenvolvem liderança, espírito comunitário, disciplina e respeito ao próximo. Por meio da Promessa e da Lei Escoteira, os jovens assumem a responsabilidade pelo próprio crescimento, vivendo os ideais de fraternidade, lealdade, coragem, respeito e serviço.
Como resumiu Baden-Powell:
"O Escotismo é uma escola de cidadania através da destreza e habilidade em assuntos mateiros."
O marco simbólico da fundação do Escotismo foi o acampamento experimental realizado por Baden-Powell na Ilha de Brownsea, na Grã-Bretanha, entre 1º e 9 de agosto de 1907. Ali, vinte rapazes entre 12 e 16 anos, divididos nas patrulhas Maçarico, Corvo, Lobo e Touro, receberam instruções práticas de primeiros socorros, rastreamento, observação, segurança e orientação, sob a bandeira verde com uma flor-de-lis amarela ao centro — símbolo que se tornaria ícone do movimento mundial.

O sucesso imediato dessa experiência levou Baden-Powell a publicar Escotismo para Rapazes em 1908, inicialmente em seis fascículos vendidos em bancas de jornal e posteriormente como livro. A obra foi fortemente influenciada por Aids to Scouting (1899), um manual de técnicas mateiras para militares, e pelos conhecimentos de woodcraft aprendidos com Frederick Russell Burnham, rastreador norte-americano com quem conviveu na África. Burnham transmitiu a Baden-Powell a importância das habilidades de campo e da vida ao ar livre como base para a formação do caráter.

O Escotismo rapidamente ganhou popularidade. Em 1909, mais de 10.000 jovens participaram de uma exibição no Palácio de Cristal, em Londres. Em 1910, Baden-Powell desligou-se do Exército para dedicar-se exclusivamente ao crescimento do movimento, sua chamada "segunda vida". Nesse ano, surgiram também o Escotismo do Mar e o movimento das Guias Escoteiras, liderado por Agnes Baden-Powell, irmã de B-P.
A necessidade de atender crianças menores impulsionou a criação do Ramo Lobinho. Desde os primeiros anos, crianças abaixo dos 11 anos buscavam ingressar na Tropa Escoteira, mas ficou evidente a necessidade de um programa próprio e adaptado para sua faixa etária. Entre 1913 e 1916, importantes contribuições surgiram, com destaque para o trabalho do chefe A.R. Brow e de Vera Barclay, reconhecida como a primeira Akelá. Vera organizou, a partir dos manuscritos de Baden-Powell, o primeiro manual dos lobinhos, integrando o universo do Livro da Jângal, de Rudyard Kipling, como pano de fundo educativo e simbólico. O programa completo para os lobinhos foi publicado oficialmente em 2 de dezembro de 1916, data que marca a fundação do Ramo Lobinho no Movimento Escoteiro.
O Escotismo continuou a expandir-se. Em 1920, o primeiro Jamboree Mundial reuniu 8.000 jovens em Londres, consolidando o movimento como uma verdadeira Fraternidade Mundial e aclamando Baden-Powell como "Chefe Escoteiro Mundial". Lady Olave Baden-Powell também desempenhou papel central na organização das Guias, sendo proclamada Chefe Guia Mundial em 1930. A formação de líderes foi reforçada pela criação do centro de treinamento de Gilwell Park, onde nasceu o tradicional curso de Insígnia da Madeira.
A História do Escotismo
.jpg)


Os princípios do escotismo estão contidos na Lei e na Promessa Escoteira.
“Por minha honra prometo que: Cumprirei com meus deveres para com Deus, a Pátria e farei o melhor para ajudar o próximo. Conheço a Lei Escoteira, e a obedecerei.”
A Promessa é prestada por todos aqueles que se tornam escoteiros, os quais demonstraram conhecimento básico cobrado nas etapas do período probatório e que decidem assumir o compromisso de se tornarem Escoteiros/Guias, Rover/Ranger ou Chefes. Nesta cerimônia o novo membro da fraternidade recebe o Lenço Escoteiro, o Distintivo de Promessa e o seu Certificado.
A Lei Escoteira é composta por dez artigos positivos:
I. O escoteiro é honrado e digno de confiança.
II. O escoteiro é leal.
III. O escoteiro pratica todo dia uma boa ação.
IV. O escoteiro é amigo de todos.
V. O escoteiro é cortês.
VI. O escoteiro é bom com a natureza.
VII. O escoteiro é obediente e disciplinado.
VIII. O escoteiro sorri nas dificuldades.
IX. O escoteiro é econômico.
X. O escoteiro é puro no pensamento, palavras e ações.
Deus:
Cumprir seus deveres para com Deus, significa que o escoteiro deve ter sua devoção, ser um autêntico praticante da sua fé, desenvolvendo a sua espiritualidade de maneira íntegra, respeitando as demais.
Pátria:
umprir seus deveres para com sua Pátria, significa que o escoteiro deve ser um cidadão comprometido com a sociedade onde vive, cumpridor dos seus deveres legais, que trabalha ativamente para a melhoria da sua comunidade e pelo bem comum de todos os cidadãos do País, assim como a preservação do meio ambiente.
Próximo:
seus deveres para com o seu Próximo, significa estar sempre disposto e preparado para servir e trabalhando pelo bem comum, em toda e qualquer ocasião.
O lema mundial do escotismo é "Be Prepared" (esteja preparado), contudo no Brasil o mesmo foi adaptado para "Sempre Alerta". Isso significa que o escoteiro deve estar preparado mentalmente, se lembrando sempre dos valores que o norteiam, e fisicamente, tornando-se ativo, forte e capaz de realizar o que for necessário.
Promessa Escoteira
Lema Escoteiro
Lei Escoteira
Método Escoteiro
É caracterizado por um sistema de progressão que tem por objetivo estimular as capacidades e os interesses de cada jovem. Para isso, o jovem é apresentado a desafios para serem superados, respeitando os seus limites individuais, onde ele deve ser o protagonista do seu próprio desenvolvimento. No Escotismo são utilizadas ações práticas (experiências da vida real e simulações) e reflexões para a promoção do aprendizado. Esta abordagem prática do escotismo é denominada de “Aprender Fazendo” e vai além de uma simples instrução teórica. Para que seja eficaz, o Método Escoteiro precisa ser trabalhado de maneira harmoniosa e equilibrada com os seguintes pontos:
O escotismo não se trata de algo que se faça, mas sim a maneira que se faz e este modo é chamado de Método, que é baseado em:
Adultos voluntários
Os voluntários adultos são essenciais para o desenvolvimento do escotismo, apoiando os jovens ao criar oportunidades de aprendizado.
Aprender fazendo
Todo o ensinamento no escotismo deve ser prático ou teórico-prático, e não somente uma instrução teórica. As experiências que são vivenciadas nas atividades de rotina, servem como simulação para ensinar as lições do escotismo para a vida cotidiana. Esta simulação tem seu ápice nos acampamentos, nos quais os jovens são desafiados a aplicar o que
aprenderam. Através destas experiências o jovem aprende, desenvolve e inova seu mundo. É aprendendo pela prática que ele vai aprimorando seus conhecimentos.
Aceitação da Lei e Promessa
Pela Promessa, cada escoteiro toma uma decisão consciente e voluntária de adotar a Lei Escoteira, se comprometendo a “fazer o melhor possível”; de usá-la como código de comportamento individual e social; e de assim assumir a responsabilidade por seu desenvolvimento pessoal. Essa jornada de aprendizado é uma parte determinante do desenvolvimento intelectual, emocional, social e espiritual vivenciado através do Escotismo e evidencia seus princípios fundamentais.
Sistema de Patrulhas
Vivendo em pequenas equipes cooperativas eles desenvolvem valores e habilidades. A patrulha é a unidade para todo o trabalho desenvolvido no movimento escoteiro.
Neste sistema, os jovens são organizados em pequenas equipes fixas de 6 a 8 pessoas. Através deste sistema é possível trabalhar em grupo, liderança, senso de equipe e apoio mútuo, além do desenvolvimento de competências e habilidades.
Desenvolvimento individual e meritocrático
Cada jovem experimenta a sua maneira e cresce dentro do seu ritmo, orientado por chefes e pelo sistema de etapas e conquistas, vai individualmente superando desafios e adquirindo habilidades e, quando atinge um padrão mínimo, lhe é reconhecido com um distintivo de conquista.
Contato com a Natureza
As atividades escoteiras acontecem ao ar livre, promovendo contato direto com a natureza. Ela proporciona ar fresco, amplo espaço para brincadeiras e desafios que testam os limites. É o ambiente ideal para jovens explorarem habilidades e desenvolverem técnicas duradouras.
Atividades com progressão
Método Escoteiro possui atividades com objetivo de desenvolvimento progressivo dos jovens, além de atraentes e variadas. Todas estas atividades são adequadas às diversas faixas etárias e de desenvolvimento pessoal de cada indivíduo. Exemplos destas atividades, são: acampamentos, caminhadas e outras atividades ao ar livre e em meio a natureza, boas ações e serviços na comunidade, jogos, atividades culturais, especialidades, etapas de progressão, cerimônias e atos simbólicos, atos cívicos e de cidadania, e o sistema de distintivos.
“O ensino dos sábios é fonte de vida e afasta o homem das armadilhas da morte.”
(Provérbios 13.14)
“Almejamos a prática do cristianismo em suas vidas e relações cotidianas, e não apenas a profissão de sua teologia aos domingos.”
(Robert Baden-Powell)